Livros, discos e sei lá mais o quê # 04
Livro indicado: Entre Quatro Paredes
Retrato do pensamento filosófico de Jean Paul Sartre, o livro Entre Quatro Paredes é, na verdade, a segunda peça teatral do escritor, produzida pouco antes do fim da Segunda Guerra Mundial. Nesta obra existencialista encenada em um único ato, um homem e duas mulheres, com personalidades muito diferentes, vão para o inferno e lá descobrem sua confusa expiação: condenados a passar toda a eternidade lado a lado, na mesma sala, sem recurso outro que não suas próprias individualidades. Surpresos e, até certo ponto, aliviados em saber do inferno tão só uma sala vazia onde teriam que conviver eternamente com os companheiros, logo eles decobririam, para seu desespero, que seu padecimento implicava suportar o pior de si mesmos. E é do reflexo de suas próprias fraquezas, estampadas no olho alheio, que os personagens chegarão à célebre frase que imortalizou o livro: o inferno são os outros. A obra revela muito sobre a condição humana e possui virtudes ímpares no contexto da literatura moderna, sobretudo pela extrema sensibilidade do autor - que se mescla, em mais de uma ocasião, a uma espécie de olhar cítrico sobre o homem e suas tolas convicções a respeito de si mesmo.
Segue o trecho:
"Vão ver como é tolo. Tolo como tudo. Não existe tortura física, não é mesmo? E no entanto estamos no inferno. E ninguém mais chegará. Ninguém. Temos que ficar juntos, sozinhos, até o fim. Não é isso? Quer dizer que há alguém que faz falta aqui: o carrasco... Não serei o carrasco de ninguém. Não lhes desejo mal, e nada tenho que ver com as senhoras. Nada. É muito simples. Vejam só, cada qual no seu canto; esse é que é o jogo. A senhora aqui, a senhora ali, eu lá. E silêncio. Nem um pio. Não é difícil, não é mesmo? Cada um de nós tem muito que se incomodar consigo mesmo. Acho que eu seria capaz de passar dez mil anos sem falar."
Livro indicado: Entre Quatro Paredes
Retrato do pensamento filosófico de Jean Paul Sartre, o livro Entre Quatro Paredes é, na verdade, a segunda peça teatral do escritor, produzida pouco antes do fim da Segunda Guerra Mundial. Nesta obra existencialista encenada em um único ato, um homem e duas mulheres, com personalidades muito diferentes, vão para o inferno e lá descobrem sua confusa expiação: condenados a passar toda a eternidade lado a lado, na mesma sala, sem recurso outro que não suas próprias individualidades. Surpresos e, até certo ponto, aliviados em saber do inferno tão só uma sala vazia onde teriam que conviver eternamente com os companheiros, logo eles decobririam, para seu desespero, que seu padecimento implicava suportar o pior de si mesmos. E é do reflexo de suas próprias fraquezas, estampadas no olho alheio, que os personagens chegarão à célebre frase que imortalizou o livro: o inferno são os outros. A obra revela muito sobre a condição humana e possui virtudes ímpares no contexto da literatura moderna, sobretudo pela extrema sensibilidade do autor - que se mescla, em mais de uma ocasião, a uma espécie de olhar cítrico sobre o homem e suas tolas convicções a respeito de si mesmo.
Segue o trecho:
"Vão ver como é tolo. Tolo como tudo. Não existe tortura física, não é mesmo? E no entanto estamos no inferno. E ninguém mais chegará. Ninguém. Temos que ficar juntos, sozinhos, até o fim. Não é isso? Quer dizer que há alguém que faz falta aqui: o carrasco... Não serei o carrasco de ninguém. Não lhes desejo mal, e nada tenho que ver com as senhoras. Nada. É muito simples. Vejam só, cada qual no seu canto; esse é que é o jogo. A senhora aqui, a senhora ali, eu lá. E silêncio. Nem um pio. Não é difícil, não é mesmo? Cada um de nós tem muito que se incomodar consigo mesmo. Acho que eu seria capaz de passar dez mil anos sem falar."
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