Livros, Discos e Sei Lá Mais o Quê # 05
Disco Indicado: Gilberto Gil Ao Vivo
Gravado em outubro de 1974 durante um show do cantor em São Paulo, o álbum Gilberto Gil Ao Vivo é um daqueles discos imperdíveis e ligeiramente desconhecidos com o qual temos que nos deparar algum dia. Neste álbum, onde a capacidade criativa de Gil parece transbordar em cada faixa, encontramos uma mistura de sons e ritmos variados - como rock, baião, maracatu, xote, bossa nova e samba - executados por músicos de primeira linha que garantem um resultado final impecável. Vale muito a pena ouvir o disco inteiro, mas se faltar tempo ou oportunidade, não deixe de conferir João Sabino, Abra o Olho, Menina Goiaba e Herói das Estrelas. Ah, o álbum conta ainda com 5 faixas bônus, com destaque para Copo Vazio - dedicada ao compositor Chico Buarque - e Cibernética, sambinha espetacular introduzido com uma história impagável de Gil. Até a próxima e fiquem com:
Abra o olho
Ele disse: "Abra o olho"
Ele disse: "Abra o olho"
Caiu aquela gota de colírio
Eu vi o espelho
Ele disse: "Abra o olho"
Eu perguntei como é que andava o mundo
Ele disse: "Abra o olho"
O telefone tocou
Soando como um grilo de verdade
Eu ouvi o grilo
O grilo cantando
Tava eu no mato de novo
No mato sem cachorro
Eu pensei: "Tá direito?"
Que eu nunca tive cachorro ao meu lado
Ele disse: "Abra o olho"
Eu disse "aberto", aí vi tudo longe
Ele disse: "Perto"
Eu disse: "Está certo"
Ele disse: "Está tudinho errado"
Eu falei: "Tá direito"
Eu falei: "Tá direito"
Tudo numa gota de colírio
Ele disse: "É delírio
Navegar nas águas de um espelho"
"Meu nego, abra o olho"
Ele disse: "Abra o olho"
Ele disse: "Abra o olho"
Com aquela sua voz suave, amiga e franca
Eu falei "tá direito" de olho fechado e gritei:
"Viva Pelé do pé preto
Viva Zagallo da cabeça branca"
4 comentários:
Ainda bem que eu inventei um determinado produtinho sintético... creio que sem ele o Gil não teria chegado a esse elevado grau de abstração.
Pedala, ministro!
Dr. Hoffman, seus feitos para humanidade são inomináveis. Sua visita é sempre uma experiência transcedental.
"Abra o Olho" é fruto (ou semente?) de uma viagem canábica do nosso ministro - e cantor nas horas vagas - num hotel na Amazônia, e não em Abrolhos, consoante a lógica precípite. É um diálogo (ou monólogo?) entre ele e o seu reflexo no espelho. A questão reside em saber quem começou o bate-papo alucinante...
Nobilíssimo Thcello, quer dizer, Tchello, sinto-me simultaneamente honrado e enriquecido com seu comentário esclarecedor. Noto, entretanto, certa divergência entre as teorias do Dr. Hoffman e as suas. Talvez seja oportuno aproveitar o espaço gentilmente cedido pelo pessoal da equipe Blogger e iniciarmos um ilustrativo debate.
Declaro oficialmente a abertura do fórun.
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