terça-feira, março 20, 2007




Se és capaz de manter a tua calma quando
Todo o mundo ao teu redor já a perdeu e te culpa;
De crer em ti quando estão todos duvidando,
E para esses no entanto achar uma desculpa;
Se és capaz de esperar sem te desesperares,
Ou, enganado, não mentir ao mentiroso,
Ou, sendo odiado, sempre ao ódio te esuivares,
E não parecer bom demais, nem pretensioso;
Se és capaz de pensar - sem que a isso só te atires;
Se encontrando a desgraça e o triunfo conseguires
Tratar da mesma forma a esses dois impostores;
Se és capaz de sofrer a dor de ver mudadas
Em armadilhas as verdades que disseste,
E as coisas, por que deste a vida, estraçalhadas,
E refazê-las com o bem pouco que te reste;
Se és capaz de arriscar numa única parada
Tudo quanto ganhaste em toda a tua vida,
E perder e, ao perder, sem nunca dizer nada,
Resignado, tornar ao ponto de partida;
De forçar coração, nervos, músculos, tudo
A dar seja o que for que neles ainda existe,
E a persistir assim quando, exaustos, contudo
Resta a vontade em ti que ainda ordena: "Persiste!";
Se és capaz de, entre a plebe, não te corromperes
E, entre reis, não perder a naturalidade,
E de amigos, quer bons, quer maus, te defenderes,
Se a todos podes ser de alguma utilidade,
E se és capaz de dar, segundo por segundo,
Ao mínimo fatal todo o valor e brilho,
Tua é a terra com tudo o que existe no mundo
E o que mais - tu serás um homem, meu filho!


* Joseph Rudyard Kipling nasceu em Bombaim, Índia, no dia 30 de dezembro de 1865 e morreu na Inglaterra em 18 de Janeiro de 1936. Entre suas principais obras estão Plain Tales from the Hills, Soldiers Three (1890), Wee Willie Winkie (1890), The Light that Failed (1890) e Barrack-Room Ballads (1892), Captains Courageous (1897), Kim, Just So Stories, Puck of Pook’s Hill e Rewards and Fairies (1910). Recebeu o Nobel da Literatura, em 1907.

4 comentários:

Cascarravias disse...

cara, lá na michelle tinha uma coleção du caralho, que cada volume trazia as obras ganhadoras do Nobel de Literatura desde o primeiro. muito foda, talvez esteja entre as relíquias do teu fundo de quintal.

gigi disse...

Diogo, seus posts são sempre os melhores, mesmo quando o texto não é seu.

Respondendo: também odeio gente ator e gente músico, em especial aqueles que praticamente te obrigam a estar em suas apresentações, te oprimindo com um "coloquei teu nome na porta, gigi! olha a consideração!". Odeio, em especial, gente guitarrista frustrado. Eles sempre acham que seriam o nome Jimi Hendrix se não tivessem sido barbaramente injustiçados por seus pais, que não apostaram em seu talento como o Francisco fez com seus dois filhos.

Odeio neo-sambista classe média, que tenta tirar uma onda de artista de Santa Teresa. Os camaradas, de chapéu panamá e as moças, descabeladas, de vestidão meio hippie e sandália rasteirinha de arigó. Nunca ouviram nem um Geraldo Pereira na vida. Além disso, no final da noite, a gatinha está preta até o meio da canela depois de pisar em vômito, em xixi alheio no banheiro, naquela pasta de poeira com cerveja derramada do salão…

Aliás, eu também odeio hippie de Santa Teresa. Aquela galera que senta no chão em frente ao Mineiro, sabe?

4rthur disse...

Quanto ódio, Gigi! Se vc soubesse que o teu amigo aqui estava ontem à noite tocando guitarra no chão em frente ao bar do Mineiro, de chapéu panamá e com os pés sujos...

Cascarravias disse...

4rthr, se eu visse essa cena cortava a amizade na hora.

e qto ao ódio... ANGER IS A GIFT!