quarta-feira, maio 16, 2007


JORNALEVIANISMO
VERDADE
apresenta...





- Sr. Lao Chi Chi, fale um pouco sobre sua vida.
- Bem, tudo começou três mil anos atrás, quando a dinastia Ping finalmente derrotou o clã dos Pong e...
- Acho que o Sr. pode encurtar um pouquinho seu relato.
- Vocês ocidentais são apressados, mas tudo bem. Tive uma infância normal e fiz tudo aquilo que um menino faz: matei duas irmãs recém-nascidas a pedido de meu honorável pai - na China rural as meninas não são bem vistas, a não ser quando já é tarde demais; caçava filhotes de urso panda com meus irmãos; brincava de empilhar grãos de arroz, enfim, tudo muito natural. Mais tarde abandonei minha casa para cursar jornalismo sarcástico, pela Universidade Kagaro Nupal, onde conheci minha saudosa esposa.
- O Senhor foi casado?
- Sim, até minha ida ao Big Brother China.
- Ora vejam só, então temos uma celebridade chinesa trabalhando para o Fundo de Quintal Literário?
- Não exatamente, pois é difícil ser uma celebridade por lá.
- Por quê?
- Por conta do grande número de participantes na Casa - eram 150 concorrentes - e também por ser o BBC transmitido através da história oral e não pela televisão! Além do mais saí logo no início, sobrevivi apenas por 5 anos...
- Como assim?!
- Nossa versão dura 3 séculos e quem compete não é a pessoa, mas sim suas gerações em revezamento. Minha amada Kay Pao não aguentou de ciúme e me deixou assim que entrei no programa. Logo em seguida fui contratado pelo Diário Metafórico - um popular jornal chinês - para trabalhar como repórter esportivo, mas durou pouco.
- O Sr. foi demitido?
- Na verdade não. Como sei falar português, fui enviado ao Brasil como correspondente político para cobrir os escândalos do mensalão. Escrevia uma série de artigos mensais para o meu jornal, sob o título de Crônicas do Final da República e fazia muito sucesso.
- Que interessante. O Sr. não pensa em publicar esses textos aqui mesmo, no FQL?
- Na verdade já propus isso ao honorável Sr. Lyra, mas ele não acredita que o grande público iria se interessar. Talvez, se os leitores pedirem...
- E o que aconteceu depois?
- Como de costume no Brasil, o escândalo saiu de moda e meu editor julgou que valia mais a pena me abandonar no seu país que pagar minha passagem de volta. Caí na sarjeta da ilegalidade e sofri horrores. Foi quando decidi me matar...
- Conte-nos melhor essa história pobre Lao...
- Residia na Bahia - a lentidão dos baianos combina bem com a paciência chinesa - e me encontrava desesperado. Resolvi me suicidar como fazem os locais e estava decidido a empreender um harakiri baiano quando, em pleno Pelourinho, um jovem cheio de luz veio ao meu encontro: era o Honorável Sr. Lyra. Ele era turista e veio me pedir informações, pois seu mapa da cidade estava errado. Logo que avisei sobre a capital da Bahia ser Salvador e não Recife, ele jogou o dito mapa fora e, grato, me convidou para tomar uma cerveja.
- E foi aí que ele lhe chamou para o FQL?
- O senhor é apressado, quer fazer o favor de esperar? Bem, enquanto bebia a cerveja contei-lhe minha história e revelei-lhe minhas intenções de suicídio à moda baiana. Foi então que ele me disse ser o harakiri baiano uma prática desumana, que consistia em enfiar o dedo no ânus e rasgar tudo desde lá até o pescoço. Fiquei horrorizado.
- ...
- Ele então me ofereceu uma vaga de acessor no Fundo de Quintal Literário e aceitei com muito gosto. Hoje tenho esse maravilhoso emprego aqui no Rio de Janeiro e trabalho em troca de uma ração diária de arroz, acrescida, aos domingos, de uma bela cabeça de peixe. Tudo mudou pra melhor - graças a generosidade e o bom coração do Honorável Sr. Lyra.
- Que história emocionante Sr. Lao. Agora você acredita na vida?
- Acreditar, acredito. Mas, como Regina Duarte, ainda tenho medo...

8 comentários:

Tamires disse...

Huahuhauahuaha,vcs são loucos mesmo,e que história de harakiri baiano é essa?Eu, baiana desde que nasci, fiquei chocada com tal masoquismo.
Rsrsrrss
Lyra,Recife e Salvador são quase irmãs gemeas mesmo...

Anônimo disse...

Ô Sr. Lyra, deixa o pobre do Lao Chi Chi publicar os textos dele - e acrescenta pelo menos um pouco de feijão nas "rações diárias" dele!!!!!

Anônimo disse...

Muito bom o título "Jornalevianismo Verdade", espero que venham outros!
Abraço.

4rthur disse...

Você tem razão, Tamires, "eles" são realmente loucos...

Anônimo disse...

publica as crônicas, publica!!!

Vivi disse...

1)putz, ainda bem que a Globo não copia a TV chinesa!
2)Tá certo que alguém que mata, na infância, 2 irmãs e caça ursos panda merece comer ração de arroz até o fim de seus dias...mas tudo bem, é uma questão cultural, né, não sejamos preconceituosos...hehehe
3)Ah, que vontade de cursar jornalismo sarcástico! Não na Universidade Kagaro Nupal, claro.
4) Ah, um passeio pelas prais do Rio, uma noite no baile funk e o seu Lao Chi Chi não vai mais se lamentar por Kay Pao.
5) o pseudopoema que vc leu no meu blog é meu mesmo, fiz hoje, que bom que achou "irado"! rsrs

MM disse...

Adorei a modalidade de suicídio baiano, por aqui haverão controvérsias, se isso mata mesmo rs. abração

blah disse...

PUBLICA, PUBLICA, PUBLICA!!!