Os primeiros raios do sol primaveril trouxeram consigo a vida que novamente se erguia sobre o gelo derretido. Contudo, aquela mudança de estado físico, do sólido para o líquido, revelou, no seu inquestionável processo de fusão, um corpo esvaído de vida, petrificado sob a neve que desfalecia aos auspícios da nova estação. Ao meio-dia, abençoando depois de muito com seu vigor solar, a luz que refletia no verde-novo das folhas desnudava mais rapidamente o verde-opaco azulado da pele da vítima, amaldiçoando com seu paradoxo luminoso os habitantes do local.
Todos sabiam do que se tratava. Todos eram testemunhas oculares e, para os críticos mais duros, letalmente omissos. Era consenso, porém, a identidade dos culpados. Poucos dias depois, como por todos era esperado, vieram, com os primeiros frutos e flores, os policiais acompanhados de um oficial de justiça. O ar voltou a gelar em toda vizinhança e só aqueceu novamente corpos e corações quando a quadrilha de assassinos tinha sido levada ao cárcere para aguardar seu julgamento.
O processo judicial, que de tão célebre fez-se célere, teve por desfecho o óbvio: a condenação das odiosas formigas pela morte da cantante cigarra.
7 comentários:
Hahahahaha!!!
Muito boa Diogo, só deu pra saber no final mesmo, apesar da foto!!!
Beijos.
e singelo é bom ou ruim?
rsrs, genial Diogo!!!
Muito legal mesmo esse seu ponto de vista e continuação da fábula,rsssss.
Abraço,eu adoro esse lugar.
The little ants keep on marching
They all do it the same way
We all do it the same way.
Moral da história: a antiga moral é imoral...
Muito boa, rapaz.
uau!
uma fábula!
(podemos chamar assim?!)
bendita justiça seja feita!
rsrsrsss
ps: fazia anos que tentava lembrar o nome da música do portshead. E tú me joga assim... do nada!
putaqueopariu!
não paro mais de ouvir essa música: Glory box!
nem acredito! que alívio!
obrigadaaaaaaaaaaa
Olá Diogo, já comentei em seu blog uma vez e peço desculpas se não voltei a fazê-lo, pois apesar de acompanhá-lo não tenho esse costume. Bem, voltei para comentar sua continuação da fábula de La Fontaine, "A Cigarra e a Formiga". Fabulosa, conforme sugere o trocadilho. E o título - "Imoral" - é a "cereja do bolo" desta sua construção (como o Marcos comentou).
Meus parabéns e forte abraço.
Rodrigo Cruz.
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